Resumo:
Neste artigo, vamos explorar o conceito de “mentalidade de dono” e como ele é um divisor de águas entre equipes medianas e organizações de alta performance. Explicamos como adotar essa postura vai além de trabalhar duro: trata-se de pensar como dono, agir com responsabilidade genuína e tomar decisões como se o negócio fosse seu. Trazemos exemplos reais, insights de livros como “O Jeito Disney de Encantar os Clientes” e “Mindset”, além de dicas práticas para cultivar essa cultura nas empresas.
Tópicos que serão abordados:
– O que realmente significa ter “mentalidade de dono”.
– Diferença entre trabalhar muito e trabalhar como dono.
– Exemplos de empresas que estimulam essa cultura.
– Como a liderança pode desenvolver e fortalecer essa mentalidade.
– Dicas práticas para implementar no dia a dia da empresa.
Uma vez ouvi um empresário dizer: “Meu sonho era ter uma equipe que tratasse meu negócio como se fosse deles”. E a vontade de rir foi instantânea, porque, convenhamos, quem nunca ouviu esse clichê no ambiente corporativo? Mas a grande verdade é que existe um oceano de diferença entre repetir essa frase e, de fato, construir uma cultura onde as pessoas ajam com a chamada mentalidade de dono.
Mentalidade de dono não é sobre trabalhar 14 horas por dia nem sobre virar noites em claro. Na verdade, é sobre algo muito mais profundo: responsabilidade genuína. É pensar assim: “Se fosse meu, como eu resolveria isso? Se o prejuízo fosse do meu bolso, o que eu faria diferente?” Essa maneira de pensar, aliás, é o que separa times comuns de times excepcionais.
No livro “Mindset”, Carol Dweck fala sobre a diferença entre o mindset fixo e o mindset de crescimento. Pessoas com mentalidade de dono naturalmente possuem um mindset de crescimento: enxergam problemas como desafios a serem vencidos, não como desculpas para travar. Elas entendem que cada decisão, cada ação, cada pequeno detalhe pode gerar um impacto real no sucesso do todo.
Exemplos não faltam. Um dos mais famosos vem do “Jeito Disney de Encantar os Clientes”. Na Disney, todos os colaboradores são treinados a agir como se fossem responsáveis pela experiência do visitante de ponta a ponta — do faxineiro ao diretor. Se um visitante parece perdido, qualquer funcionário se sente responsável por ajudá-lo, sem dizer “não é minha função”. Imagine o impacto disso em cada experiência de cliente! Isso é mentalidade de dono: entender que o sucesso ou fracasso do todo passa também pelas suas mãos.
Agora, vamos para a vida real do escritório: quantas vezes vemos um problema de processo, um cliente insatisfeito, um atraso que todos percebem e… ninguém faz nada? Esse é o oposto da mentalidade de dono. E, como bem explica Simon Sinek em “Leaders Eat Last”, ambientes de medo e punição apenas reforçam esse comportamento de “não é problema meu”. Cultivar mentalidade de dono exige confiança, incentivo ao protagonismo e um ambiente onde errar tentando acertar seja permitido.
E como estimular essa postura no seu time? Primeiro, o exemplo vem de cima. Se o líder passa o dia inteiro terceirizando culpas, adivinha o que a equipe vai fazer? Responsabilidade é contagiosa — mas a irresponsabilidade também é. Segundo, é preciso dar autonomia real. Delegar tarefas é importante, mas delegar também a decisão sobre como executar as tarefas é fundamental para construir sentimento de propriedade.
Outro ponto essencial: reconhecimento. Como diz Daniel Pink em “Motivação 3.0”, um dos maiores motivadores humanos é a busca por autonomia, propósito e maestria. Quando as pessoas sentem que têm poder para decidir e são reconhecidas por seus esforços, a mágica acontece: elas passam a agir como donas do negócio.
Certa vez, vi uma empresa que queria estimular a mentalidade de dono entre seus funcionários e criou um programa simples: a cada pequeno projeto de melhoria implantado, o colaborador recebia um “cheque simbólico” com um valor fictício que representava a economia gerada para a empresa. Depois, esse valor era transformado em prêmios ou bônus. O efeito foi impressionante: mais de 100 projetos de melhoria em um único ano. E detalhe: nenhum foi imposto. Todos vieram da iniciativa das equipes.
Em resumo, criar uma cultura de mentalidade de dono não é fazer discursos bonitos, nem é esperar gratidão espontânea. É estruturar um ambiente onde responsabilidade, autonomia e reconhecimento sejam parte do dia a dia. Quando as pessoas sentem que têm poder para mudar as coisas e são reconhecidas por isso, elas naturalmente passam a agir como se fossem donas.
E aí, na próxima vez que você ouvir alguém reclamando que “ninguém aqui pensa como dono”, lembre-se: a cultura não nasce no discurso, nasce na prática diária.
Fique bem,
Thiago Borba de Sousa
Fontes de referência:
– Dweck, Carol. Mindset: A Nova Psicologia do Sucesso, 2006.
– Be Our Guest: Perfecting the Art of Customer Service (Disney Institute), 2001.
– Sinek, Simon. Leaders Eat Last: Why Some Teams Pull Together and Others Don’t, 2014.
– Pink, Daniel. Motivação 3.0: Os Novos Fatores Motivacionais para a Realização Pessoal e Profissional, 2011.
– Pesquisa de tendências via Google Words: “mentalidade de dono”, “protagonismo nas empresas”, “como incentivar responsabilidade no time”.